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PUERPÉRIO! É preciso falar sobre ele sem maquiagem.

 

QUEM JÁ CHOROU NO QUARTO ESCURO DANDO DE MAMAR? Se sentindo sozinha, vazia e perdida? Eu já !!! Inúmeras vezes nos meus dois puerpérios vividos…  Eu olhava a minha bebê linda e sentia culpa e até ódio de mim por sentir aquela tristeza que me rondava, dias mais, dias menos…

Eu chorava pela Carolina que eu sabia que havia morrido! Chorava por não saber mais quem eu era…

Definitivamente pós-parto NÃO É COMERCIAL DE MARGARINA!!!! Não se trata de estar ou não feliz…porque eu amava minha filha mais que tudo, mas era muito difícil…

Pós-parto é um momento de PERDA DE SI MESMA. A mulher não é mais aquela grávida cheia de expectativas, mas também não se encontra como mãe desse novo serzinho que chegou. É um momento de sombra, de muito choro entalado, de muita solidão, mesmo que ela esteja cercada de pessoas, porque é difícil falar, difícil expressar o que sentimos.

Falar sobre isso é muito importante, para que paremos de sentir culpa de nos sentirmos assim, e possamos nos encontrar mais fácil, mais rápido.

Eu não tenho a receita de como sair, a porta quem encontra é cada mulher, não sei nem dizer se tem uma, me parece que é mais uma passagem que uma saída, mas definitivamente poder dizer que estamos passando por isso já é um bom começo.

Para os companheiros, amigos e familiares de mulheres que estão nessa fase o que eu posso dizer é: Seja carinhoso, cuide de verdade dessa mãe, leve comida quentinha ou seu sorvete preferido, lhe de um abraço forte, e lhe de espaço para ela falar se precisar…

E nunca jamais se ela chorar diga: – Não chore, você tem um filho perfeito, saudável, que precisa de você. OK ???? Deu para entender essa parte???

Um dos motivos por eu querer trabalhar com Slings foi o quanto ele me ajudou no meu pós-parto. Com ele eu me sentia mais encorajada, e podia fazer parte do mundo fora da casinha, fora da bolha.

Se você esta passando por um pós-parto difícil, um bom começo é procurar um grupo de apoio à maternidade na sua cidade, ou uma aula ou lugar onde as mães se encontrem. Isso ajuda a sair de casa e a interagir com mulheres que estão no mesmo barco que você. Você não esta sozinha, apesar de parecer que sim. Lembrando que uma avaliação de profissional qualificado, se for necessário pode ser preciso em casos de depressão pós-parto.

 

 

 

 

O ATELIÊ.

Esse post é para falar um pouco sobre o Ateliê Maternidade Ativa.

Afinal,o blog começou, a página do Face também, mas não expliquei nada sobre como, onde, porque e para que o ateliê surgiu.

Tudo começou depois que nasceu a Teodora, minha segunda filha, há um ano e 4 meses.

Já era ativista do parto humanizado, organizava passeatas e participava de grupos de gestantes a fim de discutir e propagar o parto natural e humanizado.

Quando a Teodora nasceu, em um parto natural humanizado hospitalar,que depois conto os detalhes aqui, tive a certeza de que queria ser doula. Mas, claro que na maternidade tudo tem um tempo diferente e o pós parto é sempre mais longo que aqueles três primeiros meses que falam por aí.

Com duas filhas, a demanda de mãe é em dobro e eu passava quase o dia todo com a Teodora no Sling. Dessa forma, conseguia dar atenção para a filha mais velha, tinha as mãos livres para cozinhar pra ela, brincar no chão, escovar seus dentes ou simplesmente andar de mãos dadas na rua.

Todos os dias eu era parada na rua, no mercado, ou na praia por pessoas curiosas sobre o Sling.

Meu pai, aquariano que é, me disse assim: “filha, você tem que trabalhar com esse negócio de Sling, ensinar as pessoas e fazer pra vender. Tem uma máquina encostada na casa da sua vó.”

A sementinha foi plantada, mas não sabia por onde começar.

Foi quando decidi procurar a formação de doula e, assim que entrei no site do GAMA, me deparei com o curso de babywearing. Coincidência? Acho que não!

Eu me inscrevi nos dois e saí do GAMA realizada. Passei as minhas melhores horas possíveis em sala de aula. Falando de Sling e de Parto.

Então, foi a vez do empurrãozinho da minha mãe. Ela, ariana ao extremo, foi quem me estimulou a dar o start. Era com ela que discutia as idéias iniciais que surgiam e foi ela que falou: “Ok, as idéias estão ótimas, vamos colocar em prática agora!”

E assim surgiu o Ateliê Maternidade Ativa, meu novo filho, que também só é possível pela parceria incrível com o marido, que me ajuda no dia a dia, me escuta e dá um monte de pitacos.

Bom, o Ateliê tem como objetivo dar apoio e incentivar as mulheres a parirem de forma natural e humanizada, através de informação e discussão sobre gestação, busca e preparação para o parto.

Por aqui você também vai encontrar assuntos sobre o maternar consciente, a criação com apego, além de indicações de blogs incríveis que compartilham dos mesmos interesses.

O ateliê também propaga e divulga o uso de slings e o colo como a melhor maneira de criar crianças amorosas, seguras e tranqüilas.
Serão melhores adultos com certeza. O mundo precisa de mais amor.

Serviços do Ateliê Maternidade Ativa:

Doula pré parto, parto e pós parto.

Venda de slings.

Assessoria em babywearing.

Em breve novidades e parcerias que irão ampliar os serviços do Ateliê Maternidade Ativa.

Ateliê e seus lemas:

“Para mudar o mundo, é preciso primeiro mudar a forma de nascer”
Michel Odent.

“Meu corpo, meu parto, minhas escolhas”

“Mais amor, por favor”

Tipos de parto .

Antes de engravidar eu nunca havia pensado que existissem tantas maneiras de parir. Quando falo parir, é por via vaginal, e não cesariana, já que não a considero via de parto e sim método cirúrgico para extrair o bebê.

De pronto, antes que venham com “mi mi mi…”, já aviso que não sou contra cesáreas, desde que sejam realmente necessárias, com indicações baseadas em evidências científicas. Acredito que é uma cirurgia criada para salvar vidas e não para extrair bebês, como é no caso de pré agendamento, em que se tira o bebê sem ele estar realmente apto a nascer.

Entendo que a mulher tem autonomia de escolha pelo parto. Não considero ninguém “menas” mãe por escolher cesárea mas, mesmo assim, rebato essa escolha com unhas e dentes, como ativista e como profissional da área.

Mas o post não é para falar sobre isso hoje. Então, vamos em frente.

Voltando aos tipos de parto.

Vou tentar falar da forma mais simples possível, para que as futuras mamães, que nunca pensaram sobre isso, possam descobrir como eu, as maneiras que existem de se receber um bebê nesse mundo. Esse post não é para discutir o que é melhor ou não e sim, apenas para informar.

Parto Normal

É o parto que acontece no hospital, em sala de parto, na posição tradicional, em cama ginecológica, onde as chances de acontecerem algumas intervenções são mais altas, como:
1. Ocitocina Sintética: hormônio sintético que é administrado na gestante para “otimizar” as contrações, ou iniciar o trabalho de parto.
2. Exames de toque com freqüência: toque feito pelo médico para averiguar a dilatação.
3. Analgesia: anestesia para minimizar a dor do parto.
4. Episiotomia: corte a região do períneo na hora do expulsivo para “ajudar” a saída do bebê e, teoricamente, “proteger” a mulher.

Lembrando que em alguns casos essas intervenções podem ser necessárias de fato, mas estudos mostram que a maioria das mulheres de gravidez de baixo risco podem parir de forma natural e expontânea.

Parto Natural

Parto normalmente também hospitalar, que acontece sem nenhuma intervenção citada acima e o bebê nasce espontaneamente, da forma mais natural possível.
Infelizmente, na realidade obstétrica de hoje, ele só acontece se for um “parto a jato”, ou a gestante chegar já no expulsivo ao hospital.
Esta cada vez mais difícil encontrar profissionais que respeitem o tempo e a natureza do parto.

Parto Humanizado

Eu falo que é a versão melhorada e amparada do Parto Natural, só que também pode se utilizar de intervenções, se for do desejo da parturiente.

Ele pode ser hospitalar, ou domiciliar, e normalmente acontece com a ajuda de uma equipe preparada para realizar o parto humanizado.

Priva pelo bem estar da dupla mãe-bebê.

As escolhas da parturiente são respeitadas, sua privacidade é prioridade, com o mínimo de interrupções, em uma sala de parto, no caso de hospitalar, que tenha chuveiro e/ou banheira, em que ela possa se movimentar livremente, se alimentar e beber água e ter o conforto e acalanto de seu acompanhante e da sua doula.

O parto leva o tempo que for necessário, sem nenhuma medida para acelerar o processo natural.

Ela terá livre escolha na posição de parir e o tempo do expulsivo é respeitado, sem nenhum intervenção para acelerá -lo.

Não será realizada nenhuma intervenção que não seja discutida e decidida pelo médico ou parteira em conjunto com a mãe.

Para mais informações sobre o parto humanizado indico o post completíssimo, da obstetriz e coordenadora do GAMA, Ana Cristina Duarte.
http://www.maternidadeativa.com.br/artigo3.html

Como já disse, esse post tem caráter informativo e deixo de lado alguns assuntos mais profundos.

Ele serve para dar um start na busca pelo seu parto.

Depois entraremos em mais detalhes rs.

Como tudo começou…

Em 2008, quando fiquei grávida da minha primeira filha, a Maria Eduarda, tinha só uma certeza, não queria passar por uma cesárea. Tinha medo, aflição do corte, afinal eram sete camadas a serem cortadas.

Comecei então a ler tudo que podia na internet sobre parto e a assistir milhares de vídeos, e foi assim que começou meu empoderamento materno.

Logo de cara me deparei com o “lado negro da força”, com as altas taxas de cesáreas desnecessárias do nosso Brasil e conheci a violência obstétrica, termo que nunca tinha ouvido falar na vida.

Se antes eu só queria fugir do corte e ter um parto normal, agora eu queria um parto natural e com certeza humanizado.

Fui atrás de uma equipe humanizada, pois percebi que cada vez mais ela é imprescindível para se conseguir parir com dignidade por aqui. Procurei uma GO que apoiasse de verdade o parto humanizado e conheci a maravilhosa profissão de doula (depois conto como acabei me tornando uma ).

Ah, uma parte importante disso tudo foi empoderar o marido, que para mim tinha que fazer parte dessa equipe. Passava todos os textos pra ele, sobre os benefícios do parto humanizado e levava ele em todos os cursos de gestantes que podia. Ele é um cara tímido, então muitas vezes ia “amarrado”, mas ia. Porque vontade de gravida não se discute, certo ?

Me preparei também fisicamente, fiz ginástica para gestantes, muitas cócoras e a maravilhosa bola suíça, que se tornou minha melhor amiga na hora do parto.

Com 28 semanas Maria Eduarda queria nascer, tinha contrações e meu colo estava afinando, repouso absoluto. Chatooooo!!! Ficava deitada 24h por dia, para tomar banho era sentada em um banquinho e bem rápido. Para mim que sou bem agitada foi dureza, então lia e mergulhava ainda mais nos textos sobre parto.

Funcionou, com 36 semanas fui liberada, com 36 semanas e 5 dias, dia 11 de agosto, meu aniversário, comecei a ter contrações ritmadas de 10 em 10 min, as 4h da tarde.

Estava bem calma, só falei para Maria Eduarda que ela ia ter que esperar para nascer no dia 12, pois dia 11 já era o meu dia rs. Liguei para a médica, para a doula, estava sem dor ainda. Fiquei em casa com o marido, ele fez um belo macarrão, o que foi ótimo para dar a energia que o parto exige.
Brinco que para parir você deve se preparar como que para uma maratona, o corpo, a mente e o espírito, porque na hora que o bicho pega o seu bebê e seu corpo exigem bastante de você.

As 22h as contrações estavam de 5min em 5min, pouco doloridas. Liguei para a médica que me disse : Quando estiver em trabalho de parto ativo você vai saber, tente dormir um pouco e me liga qualquer mudança.

E assim eu fui pra cama, no dia do meu aniversário sabendo que ganharia o melhor presente do mundo no dia seguinte.

As 4h da manha, claro que eu não tinha dormido nada, escuto uma bexiga estourar, PLOFT. O maluco era que a bichiga estourou  DENTRO DE MIM. Fiquei imóvel, cutuquei meu marido que dormia placidamente do meu lado. “Amor a bolsa estourou”. Coitado, ele pulou da cama, parecia uma barata tonta pelo quarto. Liguei de novo pra GO, já não conseguia falar no telefone, porque quando a vinha a contração, tinha que me abaixar de dor, agora eu sabia, estava mesmo em trabalho de parto.

Chego no hospital, aparece a fofa de enfermeira e me coloca no odioso cardiotoco. Ele é um exame que é feito na admissão do parto, para ver a frequência cardíaca do bebe, mas a gestante tem que ficar 20 min deitada, e com contração!!!! Que coisa horrorosa, eu não parava de reclamar. E foi então que vivi “de leve”  a violência obstétrica que tanto tinha lido, a enfermeira me fala : – Você que esta querendo parto normal ? Já vi que não vai aguentar nem meia hora, vai pedir pela cesárea com certeza. Falou assim, na minha cara, com um sorrisinho sarcástico. O que ela tinha a ver com as minhas escolhas gente???? Ai que ódio que eu fiquei na hora.

Quando a tortura inicial passou, encontro minha melhor amiga, a bola suíça. Sentei nela e não levantei mais até o expulsivo. E balança na bola, rebola na bola, quica na bola, bola e eu no chuveiro, respira… Marido e doula fazendo todas as massagens possíveis, beija o marido, xinga o marido, respira… Cócoras e mais cócoras, abraça a bola e o trabalho de parto evoluindo.
E que trabalho !!! Gente não dá pra ficar parada, se eu deitasse doía muito.

Quando de repente senti muita vontade de fazer cocô, muita mesmo rs. Estava indo pro banheiro e a Médica fala pra mim : – Não pro banheiro não, é a sua filha que está nascendo. Depois descobri que não era cocô, era a pressão que o bebê estava fazendo para passar pelo canal rs.

Fui andando para a sala de parto ( não existia sala de PPP nessa época), estava feliz, sabia que minha menina estava chegando.
Passei pela enfermeira, a mesma do sorrisinho sarcástico, e falei : – Quem que ia fazer cesárea mesmo ? Vou ali parir e já volto tá. Nunca mais vou esquecer dessa cena, eu tinha conseguido burlar o sistema, que teima em nos desencorajar!!!!!

Maria Eduarda nasceu, as 7h em ponto, Apgar 10 com duas circulares de cordão ( ela não impede que o bebê nasça, falaremos sobre esse mito de parto em outro post). Só nós três, eu o marido e a bebê fazendo o expulsivo, sem ninguém intervindo. A médica ali, só para não deixar a minha menina cair no chão, como deve ser.

Depois disso tudo minha vida mudou, fui apresentada a uma outra mulher, que habitava dentro de mim mas que eu não conhecia, que a cada contração ia se apresentando de forma avassaladora, dolorida, mas deslumbrabte. Essa nova mulher me deixou confusa, perdida, mas com muita vontade de me encontrar, e isso só foi acontecer 3 anos depois com o nascimento da minha segunda filha, Teodora. Mas essa história eu conto outro dia.